Simpósio questiona rumos da indústria automobilística brasileira

Em um dos eventos online mais acirrados, a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva promoveu na última quinta-feira, 17/6, a 7ª edição do Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis, com o tema “Powertrain no Brasil: rumo à liderança ou à zona de conforto”, por meio do qual os três palestrantes questionaram os rumos da indústria automobilística brasileira, dependendo da adoção de política industrial com apenas um tipo de fonte energética.

“Mobilidade sustentável: os potenciais do Brasil” foi o tema do primeiro palestrante, de Ricardo Abreu, consultor da Bright Consulting, que defendeu para o País o uso de plataforma diversificada de matrizes energéticas como solução para manter o polo produtivo brasileiro em destaque no cenário internacional. “Se enveredarmos somente para os veículos elétricos, perderemos a chance de ter protagonismo setorial, além de sucatear a indústria local e, com isso, reduzir drasticamente a empregabilidade de brasileiros. A outra questão é em relação à análise mais aprofundada sobre as emissões veiculares ´do poço à roda´, fato que, no Brasil, favorecem os biocombustíveis”, enfatizou Ricardo Abreu, que fez ampla defesa do conceito de uso de fontes baixo carbono.

A segunda palestra foi conduzida por Adalberto Maluf, presidente da ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, que ofereceu um panorama geral sobre a eletrificação veicular no mundo, comparando-a com a realidade brasileira e sul-americana. “Já estamos muito atrás da Europa, China e Estados Unidos, até mesmo do Chile, país que hoje compra ônibus chineses e não mais do Brasil. Não sou contra os biocombustíveis, mas precisamos avançar em veículos elétricos. Caso contrário, vamos perder o bonde da história”, pontuou Maluf.

Erasmo Carlos Batistella, presidente ECB Group, falou sobre “Produção de biocombustíveis no Brasil”. Ele reforçou a tese de que o setor brasileiro de biocombustíveis é o terceiro maior produtor do mundo e que a sua contribuição atende aos três pilares da sustentabilidade por uso adequado de fontes energéticas. “Além de ter papel preponderante na redução de emissões veiculares, lembro a todos que a adição de 1 ponto percentual de biocombustíveis significa geração de 30 mil empregos diretos, o que significa geração de renda aos brasileiros”.

No evento coordenado por Christian Wahfried, Renato Linke, Sergio Viscardi e Vicente Pimenta, a apresentação de abertura do simpósio foi feita por Marcus Vinicius Aguiar, vice-presidente da AEA, que também defendeu a multiplataforma de fontes energéticas do Brasil, enquanto o debate, ao final das três palestras, foi mediado por Alfred Szwarc, consultor e um dos especialistas brasileiros mais conceituados nos temas eficiência energética, emissões e combustíveis.