Folha de S.Paulo-
De olho nos gargalos do setor de logística que consomem até 20% do faturamento das empresas brasileiras, start-ups investem em soluções para agilizar o transporte de carga e reduzir custos.
A Tbit, criada em 2009 por quatro alunos de sistemas de informação da Universidade Federal de Lavras (MG), apostou no agronegócio.
O equipamento desenvolvido pela empresa automatiza o processo de verificação de qualidade de sementes e grãos. Com uso de inteligência artificial, as cargas são analisadas em poucos minutos em um processo que identifica problemas como grãos quebrados ou fermentados.
A partir dos dados, a empresa emite um laudo que ajuda na precificação da carga -e permite que os clientes não paguem caro por produtos de menor qualidade.
“Há uma economia de cerca de 70% em tempo para liberar os lotes analisados, já que a leitura que antes demorava em média 20 minutos agora demora dois”, afirma Igor Chalfoun, 37, um dos fundadores da Tbit.
A empresa acumula cerca de 50 clientes, incluindo gigantes do setor de agronegócio, como Dow, Bayer e Basf.
Recentemente, recebeu um aporte de R$ 1 milhão da Monsanto, por meio do fundo BR Startups, que será usado para expansão na América Latina a partir de 2018.
O agronegócio também é um foco da CargoX. Criada em 2016, a empresa desenvolveu um aplicativo que conecta 250 mil caminhoneiros autônomos às empresas que precisam transportar cargas.
“A ideia é reduzir a ociosidade dos veículos e ajudar na redução dos custos das empresas”, afirma Federico Vega, 36, presidente-executivo e fundador da empresa.
A estimativa da companhia é que os caminhões voltados ao agronegócio trabalhem com capacidade ociosa de até 60%, por conta dos períodos de pico seguidos de espera pela nova safra.
A CargoX investiu R$ 10 milhões e abriu cinco escritórios na região Centro-Oeste, berço do agronegócio. A previsão inicial era realizar 504 transportes dentro do setor nos últimos meses de 2017, agora a empresa já prevê ultrapassar os 3.600.
A empresa já recebeu R$ 110 milhões de investimentos. O último deles, feito há pouco dias, alcançou os R$ 65 milhões e foi feito pelo megainvestidor americano George Soros, pelo banco Goldman Sachs e pela empresa de tecnologia Qualcomm.
Parte do montante será utilizada para quadruplicar o quadro de funcionários, contratando mais 800 pessoas, e expandir a operação.
Já a Jettasoft, de Florianópolis (SC), investe em otimizar a carga. Criada em 2015, a companhia desenvolveu um software para encontrar o encaixe perfeito das mercadorias dentro dos caminhões.
“Cerca de 20% do espaço dos caminhões não é aproveitado por conta da disposição errada das mercadorias”, afirma Diego Rorig, 26, fundador da empresa.
A companhia já recebeu R$ 250 mil em aportes e está participando do programa de aceleração da Liga Ventures, em São Paulo