Veículos híbridos e os desafios aos lubrificantes

Veículos híbridos e os desafios aos lubrificantes

Veículos híbridos

Veículos híbridos – O número de veículos eletrificados está crescendo rapidamente na América Latina, tanto em relação a uma maior demanda por parte do consumidor, quanto a escala de produção. É um sinal positivo e um reflexo dos desejos do mercado e dos incentivos e políticas governamentais que têm o potencial de transformar o perfil dos veículos leves nas estradas da América Latina dentro de alguns anos.

Com essas mudanças, surge a necessidade de lubrificantes de maior qualidade para suportar o adequado funcionamento dos motores dos veículos mais modernos. Há muitos anos a demanda por lubrificantes de maior qualidade na América Latina está atrás do resto do mundo, o que sempre teve implicações para os veículos mais modernos com motor de combustão interna (ICE), e a adição de veículos com motor híbrido à frota só torna a necessidade de uma atualização do nível de performance do lubrificante ainda mais evidente.

As previsões de produção de veículos para a região contam a história. E os resultados recentes dos testes de campo de óleos de motores para veículos híbridos realizados pela Lubrizol fornecem boas informações sobre o desafio em questão.

Previsão de crescimento de veículos leves híbridos para a América Latina

As estimativas sobre a produção de veículos leves para a América Latina na próxima década mostram uma mudança substancial no perfil dos novos veículos leves para a região.
Atualmente, a grande maioria dos cerca de 6,5 milhões de veículos produzidos na Argentina, Brasil, Colômbia, Equador e México são baseadas na tecnologia ICE. No Mexico, uma pequena porcentagem da produção dos veículos já é do tipo elétrico a bateria (BEV), mas as previsões mostram uma mudança brusca para o BEV nos próximos anos, com estimativa de abranger mais da metade dos veículos produzidos no país. Essas mudanças são impulsionadas pelo governo e outros incentivos e terão enormes implicações para o mercado.

A mudança também será perceptível no Brasil. A estimativa é que os veículos híbridos (HEV) representem quase metade da produção em apenas 10 anos, em comparação a participação de menos de 1% dos veículos de passeio com algum grau de eletrificação em 2020.


A produção de veículos com algum grau de eletrificação dominará os outros países da América Latina fora do México e Brasil, e as implicações são igualmente importantes. Estimativas mostram que a produção de HEVs está aumentando rapidamente e deve ser o tipo dominante de veículo produzido em países como Argentina, Brasil, Colômbia e Equador até 2035.

Em todo o mundo, espera-se que a produção de HEVs ultrapasse a produção de ICEs antes do final da década, então é justo dizer que a América Latina está vendo uma das transições mais rápidas para a produção de HEVs, quando comparado a qualquer região do mundo.
Ao mesmo tempo, o grande desafio é que a América Latina demora a adotar lubrificantes de maior nível de qualidade, que trazem mais eficiência de combustível e maior durabilidade.

Desafios técnicos para os lubrificantes

À medida que a participação dos HEVs cresce na região, os consumidores enfrentarão um grande desafio, que é a desatualização dos níveis de performance de lubrificantes para óleo de motor. Atualmente, muitos lubrificantes para óleo de motor na América Latina são formulados apenas para atender às especificações API SM e inferiores, que não são consideradas adequadas para motores produzidos após 2010. Isso não é ideal nem para os veículos com tecnologia ICE modernos, e muito menos para novos veículos híbridos. O resultado é que os usuários finais acabam experimentando um desempenho inferior do lubrificante, inclusive, com potenciais problemas de falha do motor.

Os principais mercados da América Latina estão relutantes em se afastar dos óleos básicos do Grupo I, no entanto, os lubrificantes de alto nível de desempenho exigem óleos básicos de maior nível de qualidade. A situação é compreensível, pois o Brasil é um grande produtor de óleos básicos do Grupo I, enquanto grande parte dos óleos básicos do Grupo II são importados. No entanto, a proximidade de fornecimento e a redução de custos dos óleos básicos do Grupo I para a América Latina deve ser reconsiderada, pois a tarefa de formular óleos lubrificantes para atender especificações mais avançadas com óleos básicos do Grupo I é na maior parte das vezes tecnicamente inviável em comparação com o uso dos óleos básicos do Grupo II.

A qualidade do lubrificante selecionado para motores híbridos tem um forte impacto, o que foi comprovado em testes de campo realizados pela Lubrizol. Em um estudo recente podemos comprovar que a utilização de lubrificantes com perfil tipicamente norte-americano (API/ILSAC) inicialmente apresentou resultados satisfatórios na análise do óleo usado, entretanto após uma inspeção de desmontagem das peças foi identificado um desgaste significativo do pistão, travamento do anel e arranhão pronunciado na parede do cilindro:

Por outro lado, os lubrificantes com perfil europeu (ACEA + OEM), que são mais robustos em termos de durabilidade, tiveram um desempenho superior, tanto na análise de óleo usado, como também na inspeção após desmontagem, exibindo resultados excepcionais de controle de depósitos e proteção contra desgaste:

Testes de campo defendem lubrificantes de maior qualidade

Os cientistas aprenderam muito sobre as necessidades únicas dos veículos com motor híbrido nos últimos anos, e o conhecimento é aprofundado à medida que esses motores envelhecem e mais veículos entram no mercado para estudo.

A Lubrizol conduziu recentemente testes de campo de motores híbridos para entender melhor o desempenho desses veículos com relação a distintas formulações de lubrificantes. Os testes de campo realizados abrangeram 370 veículos de 11 marcas distintas em uma grande variedade de climas, em localidades como a América do Norte, Europa, China e Japão. Os testes cobriram mais de 1,5 milhão de milhas, o equivalente a viajar para a Lua e voltar à Terra três vezes.

O desafio tecnológico mais importante está relacionado com as temperaturas de operação mais baixas dos veículos híbridos, em comparação a um veículo com motor de combustão interna.

A temperatura de operação mais baixa nos veículos híbridos não propicia uma maior queima do combustível presente no cárter do veículo, quando comparado aos veículos convencionais. Isso impacta em um maior teor de diluição de combustível no óleo dos veículos híbridos testados. Um maior ingresso de água também foi observado nesses testes, o que também contribui com a instabilidade da viscosidade. Essas contaminações levam a problemas para o motor na forma de borra, depósitos e degradação do óleo, o que prejudica a eficiência de combustível e pode reduzir a vida útil do motor.

Satisfazendo as necessidades dos veículos de passageiros modernos

A estabilidade da emulsão é outra preocupação real em veículos híbridos. Isso representa um desafio para os formuladores de lubrificantes, pois a água tem menos chance de evaporar nesse ambiente de temperatura de operação mais baixa. Os lubrificantes são ótimos para emulsionar a água, é claro, mas a pesquisa da Lubrizol descobriu que muita água no lubrificante associado às temperaturas de operação mais baixas dos veículos híbridos pode levar à formação de borra. Um equilíbrio cuidadoso deve ser alcançado com a formulação correta do lubrificante para se alcançar um desempenho ótimo em termos de emulsão.

A diluição do combustível foi identificada como o maior problema para motores híbridos após examinar os resultados do teste de campo. Além disso, os veículos híbridos plug-in experimentam um ciclo de operação mais severo.

Formulações de lubrificantes que forneçam proteção extra contra o desgaste são necessárias para proteger esses motores, e um sistema dispersante/detergente mais forte é necessário para combater a diluição do combustível.

Preparar-se para o futuro significa melhorar as formulações de lubrificantes agora

Os testes confirmaram que a tecnologia para veículos híbridos se beneficiará de tecnologias de lubrificantes desenvolvidos especialmente para atender às necessidades exclusivas desse tipo de veículos.

O crescimento da produção de veículos híbridos na América Latina, provocado pelo interesse do consumidor e influência do governo, oferece aos OEMs e à indústria de lubrificantes uma oportunidade de educar a região sobre a importância de melhorar a qualidade dos lubrificantes que atenderão às necessidades desta nova era de veículos de passeio.

Fonte:PortalLubes