Tabela do frete afeta cadeia do agronegócio como um todo, diz BB

O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hübner, disse no Congresso Brasileiro do Agronegócio que a tabela do frete deve impulsionar a procura por crédito em instituições bancárias por causa da falta de referências para comercialização futura. “A tabela do frete afeta a cadeia do agronegócio como um todo”, disse. “Devemos ter maior busca de produtores por instituições financeiras.”

Segundo ele, o fluxo de liberações de crédito rural está normal. “Não teremos falta de recursos”, afirmou. “O banco vai atender à demanda que pode advir da ausência de negociação futura.”

Com relação à lentidão das negociações para barter, ele ressaltou que o banco também pode ajudar no financiamento desse tipo de operação. “Estamos bem preparados e com recursos para barter”, disse. “Vemos o barter como um bom negócio, apesar da situação dos fretes.”

O diretor de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, ressaltou que a greve dos caminhoneiros e a posterior instituição da tabela do frete criaram um problema de risco de preço, já que o frete faz parte da composição da cotação das commodities, e o agricultor não consegue escoar a sua produção. Segundo ele, o banco pode ter de carregar os empréstimos por um período maior para acompanhar o atraso na comercialização. “Estamos alongando prazos até que essa questão do transporte se normalize.”

O superintendente de Agronegócio do Bradesco, Rui Pereira Rosa, disse que o tabelamento do frete despertou no setor o pensamento da composição de frota própria. “Produtor passa a pensar em ter caminhão próprio, e esse investimento concorre com outros investimentos em maquinário.” Além disso, ele ressaltou que a incerteza sobre frete gera dúvida para o produtor sobre composição de preço para plantio, o que afeta o planejamento do custeio da safra 2018/19.

O sócio diretor da MB Associados, José Roberto de Mendonça de Barros, ressaltou que, em meio à incerteza sobre o frete, o agronegócio está estudando compor frota de caminhões. “Conheço muita gente que avalia frota própria para o grosso do que precisa transportar”, disse. “A tabela é ilegal e estruturalmente equivocada.”

Segundo ele, entretanto, o agronegócio vem de vários anos com desempenho melhor do que outros setores da economia, o que lhe permite ter recursos próprios neste momento. “Não tem ninguém no setor desesperado por falta de dinheiro. O agronegócio é único segmento que não perdeu pique de crescimento.”

Leticia Pakulski e Nayara Figueiredo
Fonte: Estadão Conteúdo
Texto extraído do UDOP

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