Roubos de carga batem novo recorde em SP

img_1788Era madrugada quando o caminhoneiro Kaleu da Silva Munhoz, 30, de Extrema (MG), decidiu estacionar o veículo para dormir em uma estrada vicinal de Piracicaba, no interior de São Paulo.

Foi acordado por criminosos. Feito refém, o motorista só foi liberado quatro horas depois, em Guarulhos, quando a carga de iogurte que levava (no valor de R$ 185 mil) já havia sido roubada.

Histórias semelhantes à de Munhoz, envolvendo roubo de cargas, vêm se tornando cada vez mais comuns em São Paulo. Só em agosto passado, foram repetidas à polícia ao menos 917 vezes no Estado.

Trata-se do maior número de casos registrados pela polícia em um único mês desde janeiro de 2011 —o início da série histórica do governo.

ROUBOS DE CARGA

Agosto foi o mês com mais casos no Estado de SP desde 2011.

Levantamento do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo) mostra que, em 2015, houve 19.250 desses delitos no Brasil —44% apenas no Estado de São Paulo.

O recorde de agosto se deve à explosão dos registros em quatro das 12 regiões do Estado, entre elas a Grande São Paulo, onde os casos praticamente dobraram em comparação com o mesmo período do ano passado: pularam de 115 para 226 crimes.

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Segundo o governo paulista, parte do índice se deve ao aumento dos ataques a cargas de alimentos, que cresceram 64% em comparação ao mês de agosto de 2015 -saíram de 188 casos para 309.

Para o secretário da Segurança de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, o crescimento dos roubos, incluindo os de cargas, está diretamente ligado à crise que o país atravessa.

Especialistas em segurança pública discordam desse diagnóstico. Para eles, o roubo de cargas é um “crime profissional e organizado”, e não praticado por pessoas eventualmente desempregadas

O diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, diz acreditar que houve uma migração de criminosos para a área de cargas, assim como para ataques a carros fortes e a empresas de valores.

Lima diz que a melhor maneira de combater o roubo de cargas é usar a inteligência e ações coordenadas entre todas as esferas de governo, como ocorreu em 2006 (após os ataques do PCC), com participação da Polícia Federal e da Receita Federal.

Para Tayguara Helou, presidente do sindicato das transportadoras de SP, o roubo de cargas não é apenas um problema de segurança pública, mas de “toda a sociedade”. É ela, diz, que acaba pagando mais caro pelos produtos.”Quando uma carga é roubada, agrava o valor da operação logística. Isso aumenta o preço do produto ao consumidor final”, afirma.

SECRETÁRIO

Para o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, o aumento dos crimes de roubos de cargas não tem ligação com a ineficiência da polícia, mas, sim, com questões macroeconômicas do país.

De acordo com a secretaria da Segurança, outra aposta para redução de roubos é a regulamentação da lei que prevê a cassação da inscrição estadual de estabelecimentos flagrados com produtos furtados ou roubados.

 

 

Fonte: Folha de São Paulo/NTC & Logistica

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