Fonte:Valor-
Até o fim do ano, a fábrica da Volkswagen no ABC paulista vai funcionar 24 horas por dia, passando, gradativamente, de um para três turnos de produção. A MAN, fabricante de caminhões, já estuda novas contratações. Aos poucos, a indústria automobilística abandona programas de redução de jornada e afastamento de pessoal para ajustar-se a um novo cenário, de recuperação da atividade. Hoje, na divulgação do resultado de vendas de agosto, haverá mais motivos para comemorar. Um dia antes de o mês terminar, na quarta-feira, o número de emplacamentos no país já registrava aumento de 9,8% ante todos os dias de agosto de 2016, num total de 202,05 mil veículos. Com a adição dos que foram licenciados ontem, número que será conhecido hoje, o crescimento tende a passar dos 15%.
No acumulado do ano – vendas de 1,406 milhão de 1º de janeiro a 30 de agosto – o mercado brasileiro registrou aumento de 4,3%, o que leva a crer, com base na média diária de licenciamentos, que os oito meses completos revelarão avanço próximo de 5% na comparação com igual período de 2016.
A recuperação desse setor, que de janeiro a julho aumentou a produção em 22,4%, é sustentada pela volta da confiança do consumidor brasileiro e também pelo resultado expressivo nas exportações, que tendem a crescer 35% este ano. A soma desses dois cenários favoráveis é que permite, agora, a suspensão de folgas às sextas-feiras, a volta dos trabalhadores afastados e até contratações, algo que não se via nessa indústria desde 2013.
Além da preparação para os três turnos em São Bernardo, recentemente a Volks também anunciou o fim da jornada reduzida em Taubaté (SP). “As perspectivas estão de fato melhores. Nossas expectativas para 2017 são de aumento de mais de 20% em nossa produção e de crescimento de 50% nas exportações”, afirma o presidente da Volks na América do Sul, David Powels.
Nas próximas semanas a fábrica da Volks no ABC passará de um para dois turnos e entre novembro e dezembro começará a terceira turma, algo que não acontecia desde meados de 2015. A unidade receberá investimento de R$ 2,6 bilhões para produzir o novo Polo e o sedã Virtus.
A MAN, que operava só quatro dias por semana desde o ano passado, suspendeu agora a folga de sexta-feira, chamou de volta 70 empregados que estavam em “layoff” e o presidente da companhia, Roberto Cortes, já estuda novas contratações. “Estou entusiasmado, mas com embasamento para isso”, afirma o executivo, que esta semana fechou o maior contrato do ano, com a venda der 400 caminhões para a Ambev.
Segundo Cortes, os frotistas perceberam que se quiserem preservar seus modelos de negócios precisam começar a renovar as frotas para acompanhar a retomada da atividade que, diz, descolou-se da crise política. A percepção refletiu-se no aumento crescente das vendas de caminhões e ônibus, que saíram da média de 154 por dia no início do ano para 231 em maio, 275 em julho e 285 em agosto.
“A indústria de caminhões é um termômetro da economia. Se estamos crescendo é porque o PIB também vai crescer”, diz Cortes.