GNV e o Biodiesel. O que é melhor para a sustentabilidade?

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Um deles busca estruturação para alcançar maior amplitude, o outro é uma novidade que precisa provar que vale a pena

É fato que clientes embarcadores têm exigido processos mais sustentáveis de seus stalkholders, inclusive de empresas de transporte. Os combustíveis costumam ser a parte chave nesse processo, já que, por exemplo, o diesel, o mais usado, tem origem fóssil e sua combustão libera gases que provocam o efeito estufa na atmosfera.

Mas quais as alternativas que o mercado dispõe e o que avaliar para escolher o que é melhor, não só para o meio ambiente, como também no custo x benefício? Em se tratando GNV e Biodiesel, vamos esclarecer alguns pontos.

Primeiro, os caminhões movidos a GNV já não são tão novidades, eles estão no mercado desde 2018. Conseguem viabilizar uma redução de até 20% nas emissões de CO₂ e de até 90% nas emissões de material particulado, como a fuligem, se comparado ao diesel.

Anderson Lopes, consultor especialista em GNV, fala que o gás tem um papel fundamental para uma matriz energética mais limpa no Brasil. “Temos disponibilidade do produto no país, tecnologia no mercado e uma redução significativa de poluentes”.

Uma das mudanças que impactaram positivamente para o gás foi a isenção do IPVA em caminhões GNV nos estados de AL, PR, RJ, MG e MS. Contudo, a quantidade de postos de abastecimento desse modelo precisa ser ampliada para fora do eixo sudeste. A autonomia de um caminhão GNV é em torno de 450km, variando conforme a topografia.

O caminhão à GNV, segundo Lopes, é em média 35% mais caro. O especialista participou da reunião da comissão de Sustentabilidade que aconteceu em 21 de fevereiro, e apresentou mais informações sobre os modelos GNV.

Já quanto aos caminhões movidos 100% a Biodiesel, o primeiro exemplar começou a operar no fim do ano passado, após longo período de testes. O Biodiesel é considerado um combustível limpo por sua natureza orgânica, feito a partir de fontes como óleos vegetais e gorduras animais.

Basicamente, foram adaptados itens como filtros e o software de gerenciamento do motor para receber o novo combustível. O sistema, que custa cerca de R$ 20 mil a mais, reduz em 95% as emissões de CO₂. Além de ser uma alternativa mais limpa ao diesel convencional, o Biodiesel ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, promovendo operações mais sustentáveis.

Mesmo com estes predicados, os caminhões a Biodiesel por enquanto despertaram interesse de negociação de compra de apenas empresas ligadas ao agronegócio, sendo em parte produtoras de biocombustível, até porque ainda é muito recente.

Presente também na reunião, Ricardo Melchiori, vice-coordenador da comissão, resumiu bem os sentimentos dos profissionais e executivos do transporte. “Não existe bala de prata na sustentabilidade. São várias soluções. O gás GNV, Biometano, Biodiesel, elétricos. Serão todas elas, em detrimento do diesel que nos garantirá uma matriz energética mais diversa e menos poluente”.

Aumento da mistura do biodiesel é controverso

O uso de Biodiesel no Brasil passou a ser questionável, desde que o Ministério das Minas e Energia anunciou que o percentual do biodiesel no diesel passará de 12% para 14%. Sem previsão de qualquer programa que ofereça novos sistemas ou manutenção de veículos.

Especialistas alertam que a nova mistura, sem as adaptações de motor, deteriora as peças metálicas e pode causar entupimento de válvulas. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), há riscos do aumento da mistura de biocombustível tanto para a operação de transporte quanto para o meio ambiente.

Um estudo inédito da UnB (Universidade de Brasília) mostrou que o aumento no percentual de Biodiesel a partir de 7% eleva a emissão de CO₂ e diminui a potência dos motores, gerando, por consequência, mais consumo de diesel o que impacta a necessidade de maior importação desse combustível, comprometendo a segurança energética nacional. Portanto, a CNT defende que a mistura não seja superior a 7%, assim como ocorre em países europeus.

“Os estudos são bem técnicos e os resultados claros. Nossas entidades estão tomando providências em relação a isso. A adição do Biodiesel causará problemas na parte eletrônica embarcada do veículo e haverá um custo marginal de manutenção. Bem pesado e medido, os custos e prejuízos serão maiores que os benefícios”, disse o presidente do SETCESP, Adriano Depentor.

Por: Revista SETCESP

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