Por/Petróleo&Energia Thais Martins
Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encaminhou diesel verde ao Congresso o Projeto de Lei do Combustível do Futuro, um conjunto de medidas visando diminuir a dependência de combustíveis fósseis e a emissão de gases de efeito estufa, com um investimento previsto de R$ 250 bilhões.
Entre as sugestões do projeto, atualmente em análise na Câmara dos Deputados, destaca-se a criação de um marco regulatório para os combustíveis sintéticos no Brasil, os quais já são produzidos em pequena escala, inclusive pela Petrobras. Trata-se da gasolina ou do diesel fabricado sem petróleo, também conhecido como e-fuel.
Quais são os benefícios da gasolina do futuro?
A produção utiliza hidrogênio e dióxido de carbono como matéria-prima, o que ajuda a reduzir a dependência do petróleo, recurso natural que está se esgotando e se tornando mais caro. Além disso, o e-fuel pode ser produzido na forma de diesel e aproveita a infraestrutura atual de abastecimento. Ele também não exige alterações nos motores que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.
No entanto, assim como a gasolina convencional, o combustível feito sem petróleo emite poluentes, mas tem a vantagem de neutralizar o carbono resultante de sua queima. Para isso, a fabricação da gasolina sem petróleo precisa utilizar fontes “limpas” e renováveis de energia, como hidrelétricas, eólicas e solares. O governo alemão, juntamente com marcas como Audi e Bosch, têm investido nessa tecnologia, apesar de sua produção ainda ser mais cara do que a gasolina tradicional.
O desafio é reduzir o custo da extração do hidrogênio necessário para fazer a gasolina sintética, a partir de um processo conhecido como eletrólise. A grande quantidade de eletricidade utilizada para separar o hidrogênio presente na água eleva o custo de produção.
Além de servir para sintetizar combustível líquido, o gás também é visto como opção às caras e pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica.
A eletricidade gerada pelo hidrogênio é usada para impulsionar as rodas dos automóveis, graças às células de combustível incorporadas. O Toyota Mirai é um exemplo de modelo que utiliza essa tecnologia e é abastecido com hidrogênio.
Fórmula 1 vai adotar e-fuel
A Fórmula 1 planeja iniciar o uso de e-fuel a partir de 2026, coincidindo com a implementação do novo regulamento de motores. A propulsão híbrida já adotada será mantida, porém com a introdução do novo combustível e maior eletrificação.
Essa medida representa a estratégia da principal categoria do automobilismo mundial para evitar a migração, pelo menos por enquanto, para motores totalmente elétricos.
Espera-se que a introdução dessa novidade garanta a continuidade dos motores a combustão interna, seja de forma pura ou com algum auxílio elétrico, quando chegar aos consumidores. Atualmente, parece que os motores convencionais estão com os dias contados devido às restrições cada vez mais rigorosas dos governos em relação às emissões de poluentes.