O caminhoneiro Charles Wagner de Carvalho Vieira, 50 anos, está que é pura revolta. Em abril, por causa do resultado falso positivo de um exame toxicológico, ele perdeu o emprego, que havia conquistado 45 dias antes. Descontente com a atividade de autônomo pois estava “pagando para trabalhar”, deixou sua carreta em Alagoas e foi para o Sul, com a mulher e dois filhos, atrás de uma vaga como motorista empregado em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.
Antes de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencer, Charles procurou o Detran paranaense e descobriu que só poderia dar entrada no processo de renovação com o resultado do exame toxicológico na mão. Dia 14 de abril, fez a coleta em Curitiba, e recebeu o resultado 20 dias depois. “Nunca usei substância na minha vida. Não estava preocupado. Nem abri o envelope”, conta. Foi a médica do Detran que, dias depois, deu a notícia para ele. “O exame veio com resultado positivo para cocaína.”
O patrão teve de demiti-lo. Inconformado, o caminhoneiro pediu a contraprova. “Tive de ameaçar acampar na sede do laboratório (em Marília – SP) para que me enviassem”, afirma. Não deu outra: o novo resultado foi negativo. Charles procurou o Detran novamente. “A médica foi bem fria comigo. Viu o resultado negativo, mas disse que não poderia agilizar a liberação da minha carteira. Falou que o processo tinha de seguir o trâmite legal.”
O motorista está desesperado. “Estou sem receber absolutamente nada. Minha cabeça não para de preocupação com a família.”
Por meio de nota, o Laboratório Sodré informou que a “divergência entre os resultados apresentados não constitui falha”. De acordo com o documento, o ocorrido é uma “previsibilidade estatística de resultado, passível de verificação em contraprova, já prevista em lei”. O laboratório, segundo a assessoria, “apresenta um desempenho superior aos requeridos internacionalmente”. Diz ainda que Charles foi “prontamente atendido” assim que pediu a contraprova.
A nota afirma ainda que os motoristas profissionais devem se antecipar ao vencimento de suas carteiras, já que são necessários 15 dias úteis para que o resultado do exame fique pronto. Na sexta-feira (3), a assessoria do Detran Paraná informou à Carga Pesada que o caso está sendo analisado pela junta médica e a CNH deve ser entregue em 8 dias úteis.
Fonte: Revista Carga Pesada
Nelson Bortolin