Recentemente, o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) divulgou um estudo sobre o perfil dos motoristas no setor do transporte rodoviário de cargas. De acordo com a pesquisa, as faixas etárias entre 31 e 50 anos dominam o mercado, representando mais de 75% das admissões. Em particular, condutores na faixa etária de 36 a 45 anos representam uma parte significativa, somando mais de 37% das contratações. Esses números sugerem uma preferência das empresas e recrutadores por motoristas em faixas etárias consideradas maduras, devido à experiência e estabilidade associadas a esses perfis.
Para José Alberto Panzan, Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP) e Diretor da Anacirema Transportes, o perfil de motoristas no Brasil é preocupante: “A idade média dos motoristas ativos está maior, sinal de que menos profissionais estão seguindo a carreira de motorista profissional, seja por falta de interesse dos novos ingressantes pela falta de valorização da profissão, e até mesmo, por conta da falta de segurança, infraestrutura e capacitação”.
Para o executivo, o aumento do uso de tecnologia está transformando o perfil dos motoristas profissionais, exigindo deles uma adaptação contínua e o desenvolvimento de novas habilidades. Logo, os que conseguem se adaptar a essas mudanças têm maior probabilidade de sucesso em um mercado de trabalho em constante evolução.
O estudo também revela que, em 2023, essa dinâmica mudou consideravelmente pela diminuição na quantidade de habilitados nas categorias C, D e E nas faixas mais jovens e um aumento significativo dos motoristas na faixa etária de 51 a 60 anos. Quando questionado sobre essa mudança e como o setor deve se preparar para o futuro, Panzan explica que a valorização dos motoristas é um dos pontos mais importantes neste momento.
“Temos que valorizar o motorista, capacitá-lo com olhar mais humanístico, caso contrário, teremos um colapso no transporte. Como empresários, devemos olhar para esses profissionais com acolhimento e respeito, buscando instruí-los e remunerá-los para serem mais do que profissionais do volante, assim, conseguiremos observar mudanças nesse cenário. Na Anacirema, criamos uma “Escola de Motoristas”, dando oportunidade às pessoas sem experiência para aprenderem e desenvolverem-se na profissão”.
Nesse sentido, é possível observar que as características do transporte rodoviário estão mudando. A necessidade de otimizar a logística urbana pode levar a uma maior demanda por motoristas especializados em entregas rápidas e eficientes, principalmente com o aumento no número de operações que envolvem o e-commerce e delivery, que estão em crescente expansão. Além disso, as transportadoras também já se antecedem para possíveis problemáticas no setor, com o desenvolvimento de veículos autônomos e as tecnologias que podem, cada vez mais, impactar o crescimento da profissão.
“O desenvolvimento de veículos autônomos pode reduzir a demanda por motoristas a longo prazo. Empresas de tecnologia e montadoras estão investindo fortemente em carros nessa configuração, o que pode transformar o setor de transporte futuramente. Além disso, mudanças na legislação podem impactar as condições de trabalho e os benefícios dos motoristas, especialmente aqueles que trabalham para aplicativos de transporte”, finaliza José Alberto.