Mais de 900 caminhoneiros foram vítimas de assalto em junho no estado do Rio de Janeiro. 30% a mais do que em junho de 2016. Na manhã desta terça-feira (18), a polícia prendeu seis pessoas em uma operação contra o roubo de cargas. Mas os assaltos se repetiram nas estradas fluminenses.
Avenida Brasil: endereço de um em cada quatro roubos de cargas no Rio. São 58 quilômetros de medo para os motoristas que cortam a cidade transportando mercadorias. Nesta terça, a polícia prendeu seis assaltantes que agiam na região.
A notícia não mudou a decisão de um caminhoneiro: depois de ser assaltado cinco vezes em sete meses, ele preferiu ficar desempregado a voltar para estrada.
“Preocupado de sair e não voltar mais. Saio com medo, não consigo trabalhar. Não quero isso porque penso muito no meu filho. Então, eu não quis isso pra mim. Deixar o meu filho sem pai, como muitas vezes acontece aí”, disse o caminhoneiro, que preferiu não se identificar.
O Jornal Nacional encontrou a última carga roubada do caminhão dirigido por ele. Estava em uma feira, no bairro da Pavuna, perto da Avenida Brasil, pela metade do preço que se vende no mercado legal.
Na segunda-feira (17), o JN mostrou que essas promoções imbatíveis são financiadas por criminosos que roubam cargas. Eles atacam à luz do dia, levam o caminhão e repassam a carga dentro das comunidades. No estado, são 27 roubos desse tipo por dia. Depois, os produtos são vendidos em feirões do crime, sem nenhum tipo de fiscalização. Na mesa improvisada, o vendedor anuncia uma farmácia clandestina e oferece desconto no medidor de glicose.
Quem compra esses produtos roubados também está cometendo um crime: o de receptação, que pode dar de um a quatro anos de cadeia.
A delegacia que investiga o roubo de cargas diz que faltam policiais e recursos para enfrentar o aumento cada vez maior desse tipo de crime. Nesta terça, o governador e o prefeito do Rio se reuniram para cobrar a promessa do governo federal de ajudar na segurança pública do Rio.
“Para obter uma participação muito grande do governo federal nas estradas, nos aeroportos, nos portos, nas fronteiras, porque todo o armamento que chega no Rio, não nasce aqui, não chega de paraquedas. Chega por estradas e nós precisamos, para isso, a posição do governo federal”, declarou Francisco Dornelles, governador do Rio em exercício.
Os investigadores dizem que traficantes de drogas também passaram a se interessar pelo roubo de cargas para financiar a compra de armas. Em um vídeo, bandidos do Complexo da Maré, que fica ao lado da Avenida Brasil, comemoram a chegada de fuzis novos.
Tiroteios entre traficantes rivais fecharam uma outra via importante da cidade, ali perto, no fim de semana. Por mais de uma hora, motoristas tiveram que procurar abrigo para fugir dos confrontos na Linha Vermelha.
Na vizinha Avenida Brasil, que se tornou um dos caminhos mais perigosos para o transporte de cargas no Rio, nesta terça, até o início desta reportagem, quatro caminhões já tinham sido roubados.
Fonte:JN Rede Globo TV