Especialista explica porque o free flow ainda não conquistou seu espaço no Brasil

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A tecnologia tem transformado progressivamente o cenário das rodovias, especialmente com o crescimento das chamadas ‘tags veiculares’. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade (Abepam), o número de motoristas que aderiram às tags automáticas cresceu cerca de 50% entre março de 2020 e julho de 2023, totalizando atualmente mais de 12 milhões de usuários. Contudo, a nova evolução tecnológica que está sendo implementada no setor é altamente debatida no Brasil: o free flow, um sistema de pedágio sem cancela que ainda enfrenta desafios de compreensão e aceitação no país, especialmente das frotas pesadas, que representam a maior parte do transporte de cargas no país.

“A falta de familiaridade do público com essa tecnologia é um fator crucial. O conceito de um pedágio sem cancela ainda é pouco compreendido pelos motoristas brasileiros, que podem ter dúvidas sobre como o sistema funciona, se serão cobrados corretamente e como proceder em caso de problemas. Nas frotas pesadas, essa falta de conhecimento gera resistência, uma vez que os condutores e transportadoras têm receio de confiar em uma tecnologia nova e não testada amplamente no país”, explica Kassio Seefeld, CEO da TruckPag, startup de meios de pagamento com soluções completas para frota pesada.

A dificuldade na adesão também passa pelo fato de que no Brasil, muitas concessionárias de rodovias ainda enfrentam desafios financeiros e técnicos para realizar essa transição, especialmente em rodovias de menor tráfego ou em regiões nas quais a arrecadação de pedágios não justifica o alto investimento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Direito Regulatório durante a Bienal das Rodovias 2024, a maior parte dos investimentos é direcionada para mitigação, enquanto apenas 4% são destinados à adaptação.

“A implementação do free flow requer um investimento inicial em infraestrutura. Isso inclui a instalação de sistemas de leitura de placas, câmeras, sensores e tecnologias de comunicação avançadas para garantir que todos os veículos sejam identificados corretamente ao passarem pelos pontos de cobrança”, diz Seefeld.

As questões financeiras vão além da infraestrutura. No modelo tradicional, as cancelas asseguram o pagamento imediato do pedágio, enquanto no free flow a cobrança é realizada posteriormente, geralmente por meio de boleto ou outras formas de pagamento eletrônico. Embora esse método seja mais conveniente, ele eleva o risco de inadimplência. Dados da CCR RioSP, a primeira rodovia a implementar o sistema no Brasil, divulgados pelo Valor Econômico no último mês, mostram que a inadimplência fechou março em 8,8%.

“À medida que mais testes forem realizados e o sistema for se adaptando à realidade brasileira, é possível que essa tecnologia ganhe mais espaço para as frotas pesadas e, eventualmente, também se torne uma parte integral do sistema rodoviário do país. Contudo, no Brasil, especialmente os processos legislativos tendem a ser burocráticos e demorados, o que retarda a adoção de novas tecnologias” finaliza o CEO da TruckPag.

 

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