Caminhoneiros reclamam da demora no desembarque de cargas no terminal da VLI em Porto Nacional-TO

Fonte:O Coletivo-

De acordo com o caminhoneiros, as companhias de desembarque não respeitam a lei de espera e fazem seus caminhões de depósito

Foto: Edilene Chaves

De acordo com o Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins (Sindicam-TO) o problema é antigo, e está previsto em lei que seja punida a empresa que não respeitar o prazo máximo de cinco horas para carregar ou descarregar mercadoria, devendo ser contada as horas a partir da chegada do veículo ao endereço de destino. No momento da quinta hora de espera, o valor de aproximado de R$ 1,60 deve ser pago ao caminhoneiro por tonelada/hora, mas segundo o sindicato e os caminhoneiros, essa lei não é obedecida.

Em visita ao terminal de Porto Nacional, que é administrado pela Valor Logística Integrada (VLI), no último dia 10, junto com o presidente do Sindicam-TO, José Aparecido, ouvimos diversas reclamações de vários caminhoneiros que estão insatisfeitos, tanto com a demora para desembarque das mercadorias, como com o não pagamento de estadia, que é garantida por lei (Lei da Estadia do Caminhoneiro, N° 13.103/2015), bem como com a estrutura do pátio onde ficam esperando para poder desembarcar.
Está previsto na legislação que o embarcador e o destinatário da carga são obrigados a fornecer ao transportador (caminhoneiro) documento que comprove o horário de chegada do caminhão nas dependências dos respectivos estabelecimentos. Sob pena de punição com multa a ser aplicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“O meu agendamento era para hoje, 10, uma hora da madrugada eu entrei aqui no pátio para descarregar, já são quase uma hora da tarde e eu continuo aqui, sem descarregar. Esse problema não acontece só comigo, pode entrevistar qualquer outro motorista que esteja aqui que eles vão dizer a mesma coisa, estão todos atrasados em seus agendamentos”, diz um caminhoneiro que não quis se identificar.

Os condutores de caminhão do Estado reclamam que, ao chegar no terminal, recebem a guia de confirmação do horário de chegada, mas são agendados para um ou dois depois do dia em que chegaram ao local de destino, enquanto isso, precisam esperar em postos de gasolina, ou na beira das estradas em meio ao mato, até que sejam chamados para serem atendidos, sem água para beber, tomar banho ou cozinhar. Eles dizem que a empresa faz seus caminhões de deposito e não permite que eles entrem no pátio de desembarque antes do horário previsto no agendamento.
De acordo com o presidente do sindicato dos caminhoneiros do Tocantins, José Aparecido, os caminhoneiros não são contra o agendamento que é feito pelas empresas, desde que a partir da quinta hora de espera, se cumpra a lei que está prevista na ANTT e seja paga a estadia à eles.

Segundo um caminhoneiro que também não quis se identificar, ele fez o carregamento de seu caminhão no último dia 07, e chegou ao local de destino no mesmo dia, e só conseguiu agendamento para a madrugada do dia 10, mas mesmo com o agendamento, no momento da entrevista já havia se passado quase doze horas da hora marcada para que ele fizesse a descarga. Conforme os caminhoneiros, a espera é bancada integralmente por eles, já que não recebem estadia e isso acaba prejudicando-os, pois quanto mais eles esperarem, mais despesas irão ter.
“Eu pago R$ 30,00 reais para a empresa para poder ficar no pátio, segundo a VLI, eles não cobram nada da gente, só cobram esses trinta reais para que possamos usar a água, mas você vai ao banheiro não tem um papel higiênico e não tem água para banho, a comida servida na lanchonete aqui do pátio não é boa e para piorar a água que sai do bebedouro tem gosto ruim, o bebedouro está com a parte de cima desparafusada, já encontramos várias vezes baratas em cima do isopor de proteção do bebedouro, então estamos correndo risco de a qualquer momento pegar uma doença por essa falta de higiene”, afirma um caminhoneiro que também não quis se identificar.
Durante a conversa com os caminhoneiros no pátio da VLI em Porto Nacional, o presidente do Sindicam-TO disse que estava indignado com a forma com que os caminhoneiros estavam sendo tratados e prometeu que o sindicato irá tomar as devidas providencias para que a realidade deles mude. Disse ainda, que apesar de empresa ser uma parceira dos caminhoneiros, não é justo que eles usem de manobras para burlar o pagamento de estadias, deixando os caminhoneiros jogados em postos de gasolinas e estradas correndo risco de serem assaltados ou picados por alguma cobra ou outro inseto nas estradas.

Entre as diversas reclamações, os condutores dizem ainda que o peso que consta na hora do embarque não bate com o peso do desembarque, e a empresa desconta do motorista a diferença.

“Você carrega o caminhão e na balança lá da empresa que você carrega dá um peso, quando você chega aqui para descarregar, o peso é diferente, agora onde está o erro? O erro está na VLI ou onde carregamos o caminhão? E o que a transportadora faz com a gente? A primeira coisa que ela faz é descontar em cima do frete, desconfia do caminhoneiro, acha que roubamos ou desviamos a soja. A diferença na balança já aconteceu umas dez vezes comigo e todos aqui já passaram por isso também. Chegam a descontar cem, cento e cinquenta, cento e oitenta quilos de soja de você, dessa da última vez, descontaram R$ 300,00 do meu frente, e eu não acho justo, frisou um dos caminhoneiros que estavam no local, mas que também não quis se identificar por medo de represália.

Nossa reportagem tentou contato com a Valor Logística Integrada (VLI) que administra o terminal de desembarque de Porto Nacional, mas até o fechamento desta edição não conseguimos retorno. Deixamos claro que o espaço está aberto, caso queiram esclarecer as reclamações dos caminhoneiros.

Fonte:O Coletivo

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