Fonte:DCI/Marcela Caetano-
Empresas ampliam vendas para suprir a falta de locais para armazenar produção recorde de grãos. Plano do governo deve estimular investimentos para reduzir o atual déficit no segmento
A procura por silos do tipo bolsa cresceu 50% na safra 2016/17 sobre o ciclo passado na Ipesasilo. A empresa argentina atende 60% do mercado brasileiro, com a venda de 50 mil silos na atual temporada, o suficiente para armazenar 10 milhões de toneladas.
De acordo com o diretor da Ipesasilo, Hector Malinarich, o crescimento é um reflexo do que acontece no setor. Diante de uma safra recorde de 234,33 milhões de toneladas e da dificuldade de investir em silos tradicionais, o produtor tem buscado a alternativa para garantir preços mais competitivos. “Esse é o meio que o produtor encontrou para esperar o melhor momento de negociar”, destaca o executivo.
O analista de mercado e diretor da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, comenta que alguns produtores já estão até arrendando terra para ter mais espaço para armazenar a produção nesse sistema. “Hoje, a solução é apostar no silo bag ou exportar o mais rápido possível”, avalia.
A demanda maior pelo sistema de silo bag se deve também às dificuldade que o agricultor enfrentou para investir em estruturas de armazenagem tradicionais, pondera o coordenadora do Grupo de Armazenagem de Grãos da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agricolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Andrea Hollmann. “Os juros altos e a restrição nos bancos na concessão de crédito desestimularam os negócios”, diz.
Na safra 2016/17, o setor teve recursos da ordem de R$ 1,4 bilhão disponibilizados pelo governo. No entanto, empresas de armazenagem estimam que apenas R$ 600 milhões tenham sido liberados, o que contribui para uma queda de 25% nas vendas do setor em 2016. “Como o investimento em silos não aconteceu e falta espaço para colocar os grãos, a solução para o produtor tem sido os silos bolsa”, observou Hollmann em entrevista ao DCI.
Recursos
Para o ciclo 2017/18 o governo anunciou R$ 1,6 milhãos em crédito para o segmento, um incremento de R$ 200 milhões. Os juros também baixaram dois pontos porcentuais, para 6,5%. “Esse é o juro mais baixo oferecido para a agricultura empresarial” confirma o superintendente comercial da Kepler Weber, João Tadeu Vino. “É um sinal de que o governo está preocupado com essa questão”, acrescenta.
Ainda assim, ele observa que mesmo que todo o recurso fosse investido no setor, seria insuficiente para solucionar o déficit de 70 milhões de toneladas no segmento. “Seria possível armazenar 3,5 milhões de toneladas”, calcula.
A empresa, que é a maior do segmento, afirma que há motivos para acreditar que este ano será melhor para o setor do que o passado. A procura por orçamentos cresceu 15% e os negócios fechados já aumentaram em torno de 7%.
Marcela Caetano/DCI